segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"Tristes trópicos"


José Manuel Zelaya Rosales - 1977


Muita coisa se fala sobre Honduras. Para variar, pouca gente sabe do que está falando...

Para ajudar um pouco os palpiteiros de ofício, deixo abaixo alguns trechos bastante “elucidativos” da Constituição de Honduras.

Primeiro de tudo, para quem não sabe lá muito bem o que é uma Constituição, esta é a lei fundamental de um país, a que todos os poderes do Estado estão subordinados. Na maioria das vezes, em um regime democrático, a Constituição protege as minorias e dá segurança jurídica contra os desmandos da maioria.




(CONSTITUÇÃO DA REPÚBLICA DE HONDURAS)


ARTICULO 239.- El ciudadano que haya desempeñado la titularidad del Poder Ejecutivo no podrá ser Presidente o Vicepresidente de la República.


El que quebrante esta disposición o proponga su reforma, así como aquellos que lo apoyen directa o indirectamente, cesarán de inmediato en el desempeño de sus respectivos cargos y quedarán inhabilitados por diez (10) años para el ejercicio de toda función pública.


ARTICULO 2. La suplantación de la Soberanía Popular y la usurpación de los poderes constituidos se tipifican como delitos de Traición a la Patria. La responsabilidad en estos casos es imprescriptible y podrá ser deducida de oficio o a petición de cualquier ciudadano.



ARTICULO 4.- La forma de gobierno es republicana, democrática y representativa. Se ejerce por tres poderes: Legislativo, Ejecutivo y Judicial, complementarios e independientes y sin relaciones de subordinación.


La alternabilidad en el ejercicio de la Presidencia de la República es obligatoria.


La infracción de esta norma constituye delito de traición a la Patria.




(CÓDIGO PENAL DE HONDURAS)



ARTICULO 310-A. Los delitos de traición a la Patria tipificados en los Artículos 2 y 19 de la Constitución de la República serán sancionados con la pena de reclusión de quince (15) a veinte (20) años.




Vai planeta!


Mais uma dos ecobobos. Agora, um dos gurus da seita, um físico de formação, e ecobobo de religião, de Harvard chamado Alex Wissner Gross, veio criticar a Google dizendo que a busca do Google ameaça o planeta Terra com uma possível inundação com CO2. Nas palavras do sacerdote: “A Google opera grandes Datacenters espalhados pelo mundo e isso consome uma grande quantidade de energia”.


A sensação que tenho quando leio essas “coisas” é de querer simplesmente fazer uma careta e esquecer que isso invadiu meu ouvido. No entanto, essas coisas absurdas são as que mais urgentemente precisam ser respondidas, pois são tão simples e obtusas que correm sério risco de pegar. Aliás, eu não tinha essa sensação de asco intelectual desde que me peguei lendo sobre a defesa da abolição dos papéis higiênicos macios de dupla face em que se esmiuçava como isso provocava não sei quantos cortes de árvores, e que a aspereza desagradável à nádega proveniente do puro e casto papel reciclado tornava este menos competitivo diante dos maciinhos e cheirosos, e que aceitar tal “aspereza” na retaguarda do papel vagabundo ecobobo tinha que ser um impositivo legal! Corri no banheiro e fiquei aliviado de ver que, pelo menos por enquanto, isso não pegou.


Voltando à pregação do sacerdote ecobobo de Harvard, ele ainda vai mais longe e critica praticamente a Internet como um todo. Afirma que o desenvolvimento acelerado de datacenters que são o suporte da expansão da rede promove o mesmo “pecado” a que ele atribuiu à Google. E a coisa assume ainda mais o ar de pecado quando ele começa a citar outras grandes estruturas, como a do Twitter e do Second Life, dizendo que estes possuem um grande “custo-carbono” e que estariam sendo motivados por entretenimento, por ferramentas que “não são sérias”, ou seja, motivos não nobres, motivos pecaminosos mesmo.


Olha, pessoalmente, nunca usei o Twitter, desconheço-o o suficiente para nem saber o que pensar dele. Já o Second Life, conheço-o à cota suficiente para detestá-lo com a bílis da minha alma, sinceramente penso que aquilo poderia simplesmente sumir da face da Terra. No entanto, defender que estas ferramentas não deveriam existir porque não são ferramentas “sérias” e que, portanto, não merecem o carbono que gastam é uma verdadeira inquisição ecoboba.


Poucos dias depois das declarações do ecochato, a Google teve que se dar o trabalho de explicar em seu blog oficial aquilo que qualquer físico, mesmo dos mais medíocres, já deveriam reconhecer de pronto: que a Google, assim como os outros meios similares da Internet, utilizam uma tecnologia de armazenamento e busca de informações exponencialmente mais eficientes e menos poluidores que os demais disponíveis. Imagine se todas as pessoas tivessem ainda que ler tudo em jornais, revistas, livros e ainda tivessem, sempre que quisessem buscar uma informação, pegar um carro e ir até a biblioteca mais próxima (ou seja, nada próxima). Aí nós veríamos os ecobobos baterem de frente com os grupos que tentam promover e expandir a leitura de livros (estas sim do meu time) e afirmar que ninguém mais poderia ler Paulo Coelho ou Harry Potter, porque essas não eram obras com estatura artística suficiente para compensar seu “custo-carbono” e que, tirando as sedas para fabricação de crigarrinho do capeta (que disso eles nunca reclamariam), nenhum outro uso menos “sério” de papel deveria ser permitido.


Enfim, os fatos não ajudam os ecobobos, mas eles precisam de uma fé para viver. Em vez de procurar uma igreja para gastar esse talento místico-missionário, ficam aí enchendo nossos ouvidos dessas asneiras de quem teve overdose de desenho do Capitão Planeta.


Pois quem não engole essa xaropice verde, convido que encha os pulmões e entoe o grito de liberdade: “Vou continuar limpando minha bunda nos papéis mais macios!!”, “e vou continuar enviando meus emails de piada de gordo pro Zé Pança! E meus textos que ninguém lê para o blog do bêbado! E fod....” Essa última parte é opcional... E , enquanto isso, em alguma roda de maconha, e pela união de seus poderes...


Vai Planeta!!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Bonitinha, mas ordinária



Bom para ler ouvindo: Last Nite - The Strokes

Estes dias recebi um convite para uma espécie de show de rock misturado com exposição fotográfica. O fato da autora do evento ser amiga minha e namorada de um dos meus melhores amigos me levou a dar mais atenção ao convite. Não fosse por isso, não iria. Não, nem a pau. Minha relação com essas “artes” (fotografia e rock) é complicada (eufemismo). As aspas já indicam isso...


Gostaria de resumir o que as artes, de maneira geral, significam para mim. Mas, para ser justo, teria que explicar com detalhes minha fixação per essa habilidade do ser humano de se aproximar do divino, teria que contar das minhas coisas com Stendhal, por exemplo, como quem conta sua estória com uma namorada por quem se apaixonou. Enfim, não vem muito ao caso. No entanto, entre as artes que mais desconheço (e menos me interesso) está a fotografia. Não fosse pela chamada “dança contemporânea”, seria a última definitivamente. Mas, na verdade, isso é bom. Bom porque me ensina que o cara dizer (como já me disseram muito) que Machado de Assis é chato e que Miles Davis dá sono, é um ato (criminoso hediondo) que eu também cometo... em assuntos diferentes. Pois em matéria de fotografia, eu sou o cara que escuta Calypso e assiste filme do Steven Seagal.


Mas o mais interessante foi o insight que me desconcertou enquanto eu olhava as fotos. O insight eu prefiro contar com detalhes.


A exposição se chama “Rock Years”, o tema é basicamente o rock’n roll estilizado no visual de meninas lindíssimas. Então uma coisa bateu com força na minha cara: não é que o rock ficou bonitinho fofo cuti cuti? É isso mesmo, e, desde os também cuti cuti dos almofadinhas festivos de Liverpool, este gênero não se apresentava vestido assim.


Depois da decadência bêbada do paz, amor e um pouco de overdose da década de 70, da revolta acho-que-é-bonito-ser-feio (e fedido... e rasgado... e anarquista) dos punks nos 80 e da sessão cafono-cabeluda de gritinhos agudos do metal, o rock passou a ser cult – isso já há algum tempo e que já me causava estranheza. O rock... cult (!)... (?)... (?!!). Enfim, mas isso já não é mais, agora uma nova guinada: o rock é... uma gracinha. E eu não estou citando Hebe Camargo.


Não é aquela “gracinha” decidida e desabusada das “patricinhas”, é uma gracinha inconformada, que mistura um pouco de “sou rebelde e sou linda por acidente” com outro tanto de “nem estou ligando para ser bonita... mas sou!”. Tem um pouco a ver com o “ser comportado” ter saído de moda. Em momentos como esses é que surgem frases inéditas como “o mundo dá voltas”. Enquanto as meninas da década de 60 faziam de tudo para esconder os risquinhos no lustre de seus comportamentos, hoje é assim: mesmo quem é mais comportado que um cachorro em canoa tem que fingir por tudo que não é – para não perder o charme...


Enfim, no melhor estilo Nelson Rodrigues, a roqueira de hoje é bonitinha, mas ordinária. Pelo menos na aparência...