Todo mundo sabe que, entre as atribuições de um político, além de empregar os parentes e os cabos eleitorais, e de vender sua alma para o lobista que pagar mais, está a de elaborar e votar leis.
Todos os dias leis são criadas, leis são votadas e, não esqueçamos, leis são revogadas. Os legisladores podem revogar uma série de leis, mas muitas vezes se esquecem de que não podem revogar as leis da natureza nem as da Economia. O problema é que eles tentam assim mesmo.
Essas tentativas frustradas acontecem no mundo todo o tempo todo. No entanto, quando um punhado de políticos decide deliberadamente reinventar as leis da Economia, uma por uma, aí nós temos o mimado e birrento “Populismo”.
Funciona mais ou menos assim: Se o Governo gasta mais do que arrecada, fabrica-se dinheiro! E então a lei da oferta e da demanda reclama suas consequências óbvias fazendo a inflação abrir a boca. Mas se a inflação está alta, o que fazer? Para um populista é simples: tabele os preços! A Economia vai para o segundo round e a pressão inflacionária faz as pessoas criarem um mercado negro e os produtos sumirem das prateleiras. O populista tem a solução: se não tem carne no supermercado, confisquemos o gado daquela fazenda “capitalista”! A propósito, se eu te tomo a propriedade, é roubo. Se o Estado o faz, ele “confisca”. A diferença é que no segundo caso é bem pior: você nem pode dar queixa na polícia.
Então, continuando nossa estratégia rumo à glória, o “confisco” da fazenda, que era de um investidor estrangeiro, lesa o frigorífico do mesmo grupo, que é obrigado a cortar gastos demitindo empregados. O populista salva a pátria: “nacionaliza” a multinacional. “Nacionalização” é outro termozinho sem vergonha, primo do “confiscar”, pior um pouco... Enquanto isso o desemprego aumenta. O populista então, o que faz? Contrata a metade dos desempregados e dá “bolsa miséria” para a outra. Mas com isso os gastos do Governo sobem ainda mais. Adivinhe agora você a atitude genial do populista nessa situação, raciocine “populisticamente”... Isso mesmo, ele fabrica ainda mais dinheiro para pagar os gastos.
E então, tendo espantado os investimentos, tendo jogado a inflação no espaço sideral, tendo desorganizado as contas públicas e tendo gerado um caos econômico-social digno de Guerra Civil ou de Apocalipse na fase das quatro bestas, qual o próximo passo do genial populista? Pois ele pede ajuda internacional, pede dinheiro emprestado a todo mundo, mas isso, claro, ao mesmo tempo em que decide não pagar o que seu país assumiu antes – posição super coerente! Intrigante por que ninguém se dispõe a lhe emprestar nesse contexto... É aí que vem a apoteose do populista: Agora que ele conseguiu transformar um pedaço do planeta numa filial do inferno, ele grita triunfalmente: Malditas multinacionais! Malditos yankees! Porcos capitalistas! Nosso país sofre por conta da vossa exploração, gananciosos imperialistas!!