terça-feira, 22 de setembro de 2009

Como ser um populista de sucesso



Todo mundo sabe que, entre as atribuições de um político, além de empregar os parentes e os cabos eleitorais, e de vender sua alma para o lobista que pagar mais, está a de elaborar e votar leis.

Todos os dias leis são criadas, leis são votadas e, não esqueçamos, leis são revogadas. Os legisladores podem revogar uma série de leis, mas muitas vezes se esquecem de que não podem revogar as leis da natureza nem as da Economia. O problema é que eles tentam assim mesmo.

Essas tentativas frustradas acontecem no mundo todo o tempo todo. No entanto, quando um punhado de políticos decide deliberadamente reinventar as leis da Economia, uma por uma, aí nós temos o mimado e birrento “Populismo”.

Funciona mais ou menos assim: Se o Governo gasta mais do que arrecada, fabrica-se dinheiro! E então a lei da oferta e da demanda reclama suas consequências óbvias fazendo a inflação abrir a boca. Mas se a inflação está alta, o que fazer? Para um populista é simples: tabele os preços! A Economia vai para o segundo round e a pressão inflacionária faz as pessoas criarem um mercado negro e os produtos sumirem das prateleiras. O populista tem a solução: se não tem carne no supermercado, confisquemos o gado daquela fazenda “capitalista”! A propósito, se eu te tomo a propriedade, é roubo. Se o Estado o faz, ele “confisca”. A diferença é que no segundo caso é bem pior: você nem pode dar queixa na polícia.

Então, continuando nossa estratégia rumo à glória, o “confisco” da fazenda, que era de um investidor estrangeiro, lesa o frigorífico do mesmo grupo, que é obrigado a cortar gastos demitindo empregados. O populista salva a pátria: “nacionaliza” a multinacional. “Nacionalização” é outro termozinho sem vergonha, primo do “confiscar”, pior um pouco... Enquanto isso o desemprego aumenta. O populista então, o que faz? Contrata a metade dos desempregados e dá “bolsa miséria” para a outra. Mas com isso os gastos do Governo sobem ainda mais. Adivinhe agora você a atitude genial do populista nessa situação, raciocine “populisticamente”... Isso mesmo, ele fabrica ainda mais dinheiro para pagar os gastos.

E então, tendo espantado os investimentos, tendo jogado a inflação no espaço sideral, tendo desorganizado as contas públicas e tendo gerado um caos econômico-social digno de Guerra Civil ou de Apocalipse na fase das quatro bestas, qual o próximo passo do genial populista? Pois ele pede ajuda internacional, pede dinheiro emprestado a todo mundo, mas isso, claro, ao mesmo tempo em que decide não pagar o que seu país assumiu antes – posição super coerente! Intrigante por que ninguém se dispõe a lhe emprestar nesse contexto... É aí que vem a apoteose do populista: Agora que ele conseguiu transformar um pedaço do planeta numa filial do inferno, ele grita triunfalmente: Malditas multinacionais! Malditos yankees! Porcos capitalistas! Nosso país sofre por conta da vossa exploração, gananciosos imperialistas!!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O que Paris Hilton e Cuba têm em comum?



O que você acha da “profissão” de filho de pai rico e generoso?

Eu penso que deva “dar pro gasto”. Imagine: Lamborgini El Diablo no “flat” de Milão, Aston Martin para “alegrar” a casa de Londres, uma Ferrarizinha Enzo amarela de presente de Natal, um “obrigado, papai” de pagamento. Viagens pelas ilhas gregas, navio super-ultra-pós-vip-high-class, passadinha no Marrocos para tirar foto com pobre (rico adora) e, em pagamento: “papai, tá lindo aqui, manda um beijo para a mamãe e mais 10 milhões”. Cútis cultivada a Moet Chandon, a escocês 18 anos, a caviar Beluga e a lagosta gigante do sudeste da Malásia (ou qualquer outra dessas coisas exóticas que rico adora meter no estômago). Agora, o melhor de tudo: ter tudo isso sem precisar de formação específica nenhuma e nem de produzir nada.

Fosse concurso, eu já estaria estudando. Fosse entrevista de emprego, eu estava na fila. Mas o único problema dessa “profissão” são as aspas. Essas aspas que acentuam a licença poética de usar o termo. É claro que esse posto não é uma “profissão”. É um presente do destino, dos deuses gregos que o playboy faz bem em ir visitar nas respectivas ilhas para agradecer. Para assumi-lo, é preciso “apenas” sorte. Essas aspas...

Uma típica integrante desse posto almejado é a mais famosa menos talentosa estrela do mundo: a tchutchuquinha da Paris Hilton. A vida dela é basicamente uma música do Seu Jorge: “vai no cabeleireiro, no esteticista...” Enfim, ela tem essa vida não por seu mérito, mas por mérito familiar. Em economês, ela não é um “membro produtivo dentro do fator mão-de-obra”. Não pense que estou escrevendo aqui para criticar a “futilidade da moça rica”. Não. Penso mesmo é que a Paris é um justo troféu de sucesso... para o pai dela. Ele produziu o que produziu e tem o direito de criar um bibelô mimado com o dinheiro que é dele. Há quem compre obras de arte, ele...

Minha intenção em falar da Paris é para explicar o que, na verdade, foi a Cuba socialista. Ela foi a Paris Hilton. É desconcertante a justeza da analogia. A única coisa que vejo não combinar é que o pai da Paris não faliu... Pois o pai que mimou a Cuba Hilton sim. Este foi a União Soviética nos idos da era ilusão socialista.

A URSS decidiu fazer daquela ilha o alvo da mais heterodoxa campanha de marketing da História. Enquanto os marketeiros tradicionais vendem uma idéia para ganharem dinheiro, os marketeiros do lado vermelho da força fizeram justamente o contrário: que se vá o “faz-me-rir” e que venham os iludidos.

Esta estratégia veio em resposta a um momento difícil passado pelos soviéticos: O capitalismo foi gerando uma imprensa cada vez mais forte e investigativa. A URSS e os demais países socialistas faziam um esforço digno de guerra para manter jornalistas, escritores e qualquer outra fonte de informações longe do que ocorria dentro de seus países. A chamada “opinião pública” internacional martelava cada vez mais nesse ponto. A razão do “mistério”? Hoje, todo mundo sabe: ninguém esconde o que é bonito. E o que o socialismo fez com a economia e com a qualidade de vida naqueles países, na vida real, não foi nada “bonito de se ver”.

A solução para os comunas veio através de uma idéia muito original, mas simples: escolheu-se um país pequeno e nele se criou uma economia próspera artificialmente, em que se consumia absurdamente mais do que se produzia. Depois, era só convidar os jornalistas para uma visita. Aliás, os chatos dos jornalistas, que, à esta altura, já não agüentavam mais aquele mistério todo e vinham se esforçando em encher bem o saco dos comunas.

A estratégia foi um retumbante sucesso: os jornalistas gastaram toda sua alegria de viver em dar a notícia de como o socialismo era uma coisa linda, leve, solta e sensual, e de como as crianças cubanas eram bem educadas, os pacientes cubanos bem atendidos, os pratos cubanos bem cheios e as bundas cubanas bem limpas. Anham, as bundas cubanas bem limpas. Depois disso ninguém mais “enchia” a paciência do “füher” soviético para ver como era esse tal de socialismo na prática.

Enfim, Cuba viveu bem uns vinte anos através da mesadinha gorda do papai e trabalhando apenas como vitrine viva da loja da foice e do martelo. Mas aí o papai quebrou (há quem conte que morreu) e Cuba teve que se virar com o que produzia. O resultado? Vou dizer apenas que Cuba não produz, até hoje, nem papel higiênico suficiente. As pessoas ficam horas na fila do jornal Granma, aquele com a fotinha estampada do Fidelzão Vaso Duralex Castro, para comprar com o quê limpar a bunda. Pois é, pois as bundas em Cuba já não são lá mais tão bem limpas. Nem o resto.

A julgar pela quantidade de gente que até hoje defende o socialismo se mirando em Cuba, concluímos que a campanha de marketing foi um retumbante sucesso. Apesar de hoje em dia os noticiários mostrarem diariamente o Fidelzão construindo palácios para si mesmo enquanto persegue e negligencia sua população, ainda há um vasto exército do “Cuba é um exemplo” por aí.

Sinceramente, Cuba pode até ser um exemplo, como a Paris Hilton também, só que ter um papai rico e generoso para te bancar não é o que se pode chamar de “escolha profissional”, e muito menos de modelo de desenvolvimento.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Notícias populares


Nunca o Granma, o jornal oficial do Partido Comunista Cubano, foi tão popular. As tiragens estão batendo recordes. Não, não é para ler o último artigo do tiranossauro terminal Fidel. É porque não há papel higiênico na Ilha do Pesadelo Socialista. Enquanto um rolo custa um dia de trabalho, um exemplar de jornal custa um centavo. Há filas na madrugada esperando o jornal chegar. Dezenas de cubanos saem correndo desabaladamente para casa, já rasgando o jornal aos pedaços. O socialismo do século XXI tem pressa. Pressa de...

Leia mais em:

http://www.noticias24.com/actualidad/noticia/79591/a-falta-de-papel-higienico-los-cubanos-optan-por-la-creatividad/