quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A devida babação de ovo



Diz aí: você curte um rock’n roll? E que filme você assistiu a última vez que foi ao cinema? Aliás, quantos filmes de Hollywood você já assistiu na vida? Então até o Shrek você assistiu? E você acompanhou a série Friends? E a 24 horas? Com direito a torcer pelo Jack Bauer e tudo? Eu sei, eu também prefiro Lost. Você se lembra do MacGyver? Dos Simpsons também? Pois o que tudo isso tem em comum, além da sua pessoa? Tem os Estados Unidos da América.

Os Estados Unidos me parecem, ao contrário do que é moda se falar nas rodinhas de bate-papo de brasileiros, uma nação formidável. É claro que, partindo do princípio – ao mesmo tempo realista e cristão – de que ninguém é perfeito, eles também não o são. No entanto, parece-me muito claro que eles possuam uma trajetória histórica e uma estrutura, enquanto nação, admiráveis.

O motivo de eu estar começando este texto com esta “babação de ovo” é justamente porque ninguém pára para fazer isso logo de uma vez. Na verdade, ouvir quem fale bem dos EUA nesse país nosso é quase tão raro quanto ouvir alguém que realmente não goste deles por aqui. É isso mesmo que eu disse: os brasileiros são apaixonados pelos norte-americanos, mas ainda assim conseguem ser sinceros quando dizem detestá-los. Tão sinceros quanto a garotinha que faz “figa” dizendo detestar o garotinho pelo qual ela é intimamente apaixonada – é que ela realmente gostaria de detestá-lo... Parece singelo, mas isso quando feito por uma nação é algo deprimente. Brasileiros e norte-americanos muito mais compartilham em valores do que divergem, e, com o tempo, vêm compartilhando cada vez mais (e não, eu não acho isso ruim).

Eu poderia começar a citar o que é admirável nos EUA, falar do fato deste ter sido a primeira democracia moderna (muito antes dos europeus), do fato de nunca terem permitido um ditador nojento mandando neles, enquanto nós latino-americanos não só os temos mais do que temos novelas de TV como ainda posamos de mocinhas vítimas jogando a culpa disso no “Tio Sam”. Pois haja vergonha na cara! Cada nação é que luta pelo que é seu! Ou os norte-americanos (não adianta, não vou chamá-los de “estadunidenses”) não tiveram que gastar sangue e unha para não deixar os ingleses fazerem com eles o que qualquer nação assanhada vive fazendo conosco?! Aliás, se ditadura fosse culpa do réu Sam, Hugo Chavez não estaria assmindo esse carguinho sujo na Venezuela.

Eu poderia falar ainda do fato também deles serem fiéis à mesma Constituição de sua fundação, e isto porque se mantêm fiéis ao mesmo projeto nacional dos “pais da pátria”. Ou falar do dollar, a mesma moeda desde... sempre! Ou então falar de coisas mais simples como o jazz, o rock’n roll (aliás, por que será que os mais ferrenhos “destestadores da América” são nossos roqueiros tupiniquins? Freud explica...), Hollywood (não, ela não é apenas uma fabricazinha de filmes fúteis, é a maior indústria do entretenimento já criada), ou até mesmo o Woodstock e, claro, a Harley-Davidson (adoro). Enfim, motivo para gostar dos caras não falta.

No entanto, o motivo para fingir (inclusive para nós mesmos) que não gostamos deles é de foro íntimo, nos sentimos tão diminuídos que não temos auto-estima nem para admitir nossa admiração. Então ficamos colecionando motivozinhos pelos quais nós achamos que deveríamos detestá-los. Agora com o estadista pop-star Barack Obama ficou mais difícil manter firmes os recalques da moçada. Talvez isso ajude um pouco.

Pois eu acho que, se nós já tivéssemos admitido nosso sincero apreço pelos brothers e rendido a eles a devida “babação de ovo” há mais tempo, já poderíamos estar cuidando de coisas mais importantes agora e gastando menos energia e hipocrisia com esses “recalques” ridículos.

Aliás, que tal um cineminha?

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